Gente grande

De uns tempos pra cá, a fanpage do Olhando de Frente no facebook nos aproximou muito mais de quem acompanha o blog. E recentemente, entre a galera conectada na rede social, surgiu uma onda de fotos da infância dos usuários e desenhos infantis, motivada pelo Dia da Criança.

Vendo estas recordações, não pude deixar de traçar um paralelo entre o que estava sendo lembrado e o momento atual. Na hora me veio à mente o versículo 14 do capítulo 19 de Mateus (aquela velha frase do 'deixai vir a mim as criancinhas' e tal), e de como outrora (na minha infância, ora!) eu interpretava essa frase. Adultos sofrem, adultos matam, adultos traem, mentem, fingem, mal-tratam crianças, machucam inocentes, não têm mais brilho no olhar e por isso, querem apagar que ainda o tem. JC não queria estes adultos. E me dava medo de crescer.

Bobagem! Como eu descobriria dolorosamente, chega uma hora escura, rápida e traiçoeira em que nos tornamos gente grande. Eu não vi essa hora. Talvez estivesse brincando ou sonhando enquanto ela se passava. Ninguém a vê, na verdade. Descobrimos que ela existe só depois que ela passa, quando não dá mais pra se despedir da vida de sonho. De uma hora pra outra, estamos no campo de batalha dos adultos. Não há mais volta.

É então que a surpresa acontece. Os adultos que nos tornamos não são outros senão as crianças que apenas sonhavam antes da transição. E talvez seja difícil perceber e/ou admitir, mas os sonhos de criança não se perderam. Que não se percam! Demorei pra entender o que significa ser "gente grande". Pesava o nome quando ouvia na infância. Hoje dá orgulho. Gente grande é gente que se expõe, é quem defende a gente quando é gente pequena, é quem inspira os sonhos da gente antes de crescer. Ser gente grande é habitar e viver os sonhos que a gente pequena tem.

Na boa, por mais batido e brega que possa parecer, os nossos sonhos são nossos motores. Chamemos de objetivos, metas, ideais, o que for, mas no fundo são sonhos da criança que fomos e somos. Sejamos e nos permitamos ser mais crianças. Sorrir mais, imaginar mais, ousar mais, aproveitar mais o nosso hoje. Agora interpreto de outra forma a passagem supracitada. JC quer que cheguemos a Ele como as crianças que há em nós. Pureza, simplicidade, inocência e confiança são coisas que nos faltam mas que um dia já tivemos. Basta resgatarmos isso em nós. Não deixando de lado as responsabilidades, desafios e dificuldades que a vida nos traz (inevitavelmente vamos nos deparar com o sofrimento), muito menos ignorando-os ou nos desviando deles, pelo contrário: olhando de frente, encaremos o mundo com um sorriso no rosto. Sorriso que falta hoje até para nossas crianças. A inocência se perde um pouco mais a cada dia, os corações endurecem cedo e esquecem de amar, deixam de sonhar.

Que a cada dia a gente possa acreditar um pouco mais no outro e em si, ter esperança não é tolice. Ser somente esperança é ingenuidade. Por que não trocar nossas lentes escuras e densas e olhar a vida com mais cor, com mais sentimento? Cada simples momento, como aqueles que pareciam o máximo na infância, ainda existe hoje. Se não os aproveitamos hoje, perdemos aos poucos o que a felicidade poderia ser para nós. Mais belo que ter esperança, é alimentá-la. Melhor que realizar sonhos (ou metas/objetivos/ideais, como preferirem), é nunca deixar de sonhar.

Para refletir, a música "Mesmo Assim" da banda Rosa de Saron:


Valeu!

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